
por Euler Vicente
Todo jogador proprietário de um Atari 2600 jogou Decathlon. O amado jogo da Activision fez a molecada dos anos 80 suar para bater recordes olímpicos. Era o Wii Fit daquela década.
A Konami também tinha o seu game olímpico: Hyper Olympic, lançado em 1983 para os arcades japoneses e rebatizado como Track & Field ao desembarcar no lado de cá. Apesar da premissa ser a mesma do Decathlon do Atari, a versão de fliperama simplesmente não apresentava uma alavanca para que os gamers pudessem movimentar o atleta virtual. A Konami optou por usar dois botões que eram freneticamente pressionados fazendo o personagem correr, mais um terceiro botão de ação (pular, arremessar, entre outros).

Praticamente todas as casas de fliperama (pelo menos aqui em Salvador) possuíam uma máquina de Track & Field. Por causa da popularidade, logo surgiram versões caseiras como a do MSX. O autor deste artigo não esquece do seu cartucho original da Gradiente, especialmente das ilustrações engraçadas presentes na capa…
No MSX, a Konami decidiu dividir o jogo em dois títulos complementares: Hyper Olympic 1 e Hyper Olympic 2, ambos lançados em 1984. Esta divisão não foi muito convincente: afinal, eram poucas provas em cada cartucho. Provavelmente uma estratégia da empresa para aumentar o faturamento? Que vergonha, Konami. A Activision lançou o Decathlon para o MSX e com todas as 10 provas!
Seja como for, a Konami fez um ótimo trabalho na conversão. Os gráficos eram bem próximos aos do arcade, obviamente superando e muito o Decathlon do Atari neste aspecto — nosso parâmetro na época. Um detalhe engraçado era o fato de os personagens masculinos em jogos de esporte da Konami sempre terem bigode. Provavelmente uma técnica para disfarçar a baixa resolução: era difícil desenhar uma boca decente com tão poucos pixels. O mesmo acontecia com o Jumpman no Donkey Kong, reza a lenda.

O Hyper Olympic 1 apresentava as seguintes provas: 100 metros, 400 metros, arremesso de martelo e salto à distância. O Hyper Olympic 2 complementava com: 110 metros com barreira, arremesso de vara, salto em altura e maratona.

Manhas, truques e cacoetes
Era muito bom jogar Hyper Olympic no MSX; porém, observar nossos amigos jogando era ainda mais divertido.
Havia o sujeito que prendia a base do controle entre as pernas e usava a palma das mãos para fazer os movimentos laterais. Usar o controle de cabeça para baixo também funcionava melhor para alguns jogadores. Tinha o amigo que dava pequenas “palmadas” somente para um lado; outro que preferia jogar de pé. “Assim consigo maior velocidade” — afirmava, com convicção. Valia de tudo. E as expressões faciais de esforço eram de matar de rir…
O macete mais estranho que talvez exista só acontecia nos arcades. Não dá para imaginar como este tipo de coisa começou e como se espalhou naquele tempo. Mesmo na ausência das redes sociais, o fato é que as pessoas começaram a jogar o Track & Field no fliperama usando uma caneta!

Este era o “procedimento”: a mão esquerda (se fosse destro) repousava entre os botões de corrida. Então, pegavam uma caneta — nada de Bic 4 Cores aqui — e apoiavam-na em cima do dedo médio, com o anelar e o indicador por cima, criando uma “gangorra” com a esferográfica. Com a mão direita pressionavam a extremidade direita da caneta, que fazia um movimento de gangorra com a ajuda do dedo anelar, permitindo que se imprimisse uma maior velocidade na corrida. Era ao mesmo tempo engraçado, bizarro e muito eficiente.
Algum leitor do Cosmic Effect fez uso desta elaborada técnica numa máquina de Track & Field dos fliperamas? Confesse nos comentários, por gentileza.
The Mighty Dynacom!
Algo decididamente interessante naquele tempo para nós, consumidores, eram certas compatibilidades não-oficiais entre dispositivos de fabricantes totalmente distintos. No MSX, por exemplo, o controle do Atari funcionava perfeitamente. O original e qualquer similar caíam muito bem no micro-computador, especialmente nos jogos que necessitavam apenas de um botão de ação.
Apesar do controle do Expert ser, além de lindo, muito confortável e preciso, não era muito adequado para Hyper Olympic. A amplitude dos movimentos era um pouco longa demais. O controle ideal seria aquele em que os movimentos eram curtos; com uma boa pegada e, principalmente, muito resistente (risos). Talvez seja por isso que o Odyssey nunca recebeu um jogo de olimpíadas. Não que seu joystick fosse ruim, mas Decathlon seria impraticável. O do Atari 2600, este sim, era bem mais apropriado.
Pensando nisso, peço ao meu pai o “Pelé dos controles para se jogar Decathlon”: o manche da Dynacom! [Nota do Cosmonal: como possuo dois destes aqui — pasmem, sem uso — tirei fotos com o “The Dynastick Controller” novinho para ilustrar]
Saca só o “shape” do controle: ventosas de fixação para prendê-lo a uma base, boa ergonomia, movimentos curtos e… resistente. Seria este o melhor controle já inventado para jogos olímpicos?

Havia também o joystick do HotBit da Sharp, cujo formato era similar ao Dynastick. No entando, era consideravelmente mais caro — motivação decisiva para a escolha do manche da Dynacom.
Continuações?
A série Hyper Olympic seguiu em frente com a continuação Hyper Sports. Desta vez, a Konami apostou em esportes menos tradicionais do quadro olímpico, deixando as provas de atletismo de lado. Talvez por isso a série tenha trocado o “Olympic” por “Sports”.

Novamente, foram lançados dois títulos: Hyper Sports 1 e Hyper Sports 2. O primeiro trazia provas de: mergulho, salto sobre cavalo de madeira, cama elástica e barra horizontal. O Hyper Sports 2 tinha: tiro ao alvo, arco e flecha e levantamento de peso. A segunda série, pessoalmente, desagradou. Tive os originais em disquete, mas torcia o nariz ao vê-los na tela. Posso ter perdido mais uma ótima chance de perder algumas calorias sem o Wii…
SCORE
GAMEPLAY: Mecânicas divertidas, para reunir a turma 4/5
GRÁFICOS: Fidelidade ao original do arcade 4/5
SOM: Fica devendo. O som dos passos dos atletas é estranho 3/5
TRILHA SONORA: Toca Vangelis (Carruagens de Fogo, claro) antes das competições. Suspeito que o MSX faça coisa melhor, não é Eric? 3/5
DIFICULDADE: “Controles foram quebrados para quebrar recordes…” 4/5
DADOS
NOME: Hyper Olympic
PLATAFORMA: MSX
DESENVOLVEDORA: Konami
ANO: 1984
* * *

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s nunca encontrei de Mr. Chin. Afinal de contas, nós do Cosmic Effect gostamos de inovar! :D O segundo motivo é o aniversário de 25 anos que meu cartucho do Mr. Chin faz em 2011!
tista de circo que faz aquele número em que o malabarista equilibra pratos. O objetivo é basicamente manter os pratos equilibrados, girando-os nos mastros. Quando o Mr. Chin conseguir equilibrar todos os pratos, você passa de fase. No momento em que um prato cai, o jogador perde. Simples e divertido.
Estratégias são essenciais para avançarmos de fase. Percebi que uma boa é nunca equilibrar os pratos do próximo andar sem antes girar novamente todos os pratos dos andares inferiores do cenário. Assim, ganhamos mais um tempoinho para trabalhar com os pratos do andar em que estamos, sem ter de se preocupar em descer para girá-los a todo instante.



Ele citou detalhes técnicos de como fez para programar o Zorax. Usaram um software para descompilar* o código de alguns jogos da KONAMI, para aprender os macetes. Lembro dele ter dito que haviam descoberto que a KONAMI trabalhava com um modo de tela intermediário entre o Screen 2 eo Screen 3 do MSX. Nem imaginava que isso era possível.