Game Music Original > Mike Moe – Tema De Abertura

Amigos, uma game music “rapidinha” para vocês escutarem:  Mike Moe – Tema De Abertura do Mike Moe And The Haunted Lab, jogo para Windows do nosso Mario Cavalcanti. Havia colocado por aqui anteriormente a música principal, que certamente seria chamada de “BGM 01” se estivesse num soundtest de um cartucho do seu console 16-bit favorito (risos).

O tema de abertura foi a primeira das 5 composições que fiz para o Mike Moe. Importante para definir o tom da trilha e os timbres (instrumentos) a serem usados no restante das músicas.

Acredito que seja costume entre os compositores de música (especialmente a de base eletrônica, sintética) para videogames: definir, a partir da primeira música composta, o colorido sonoro dos instrumentos que vai governar o restante do trabalho naquele jogo.

Vamos ver se tenho uma chance para ela no playlist de vocês, amigos! :-)

Mike Moe – Tema De Abertura (by Cosmonal) [2011]

A faixa-bônus deste artigo é uma curiosidade. Deixa um pouquinho a game music, mas nem tanto. Afinal, deve ser quase nula a existência de retrogamers brasileiros que não são amantes de Thundercats, Caverna do Dragão e, claro… He-Man.

Sem mencionar minhas corridas desenfreadas com a mochila nas costas ao sair da escola para chegar a tempo de assistir He-Man ao meio-dia, a trilha sonora daquele desenho era tão, mas tão fantástica, que fico até triste com o fato de somente na vida adulta e com a existência da Internet pudemos apreciá-la enquanto não estávamos acompanhando Adam e o Gato Guerreiro na tela.

Um belo dia, pesquisei no Napster por “he-man” e… nem acreditei, lá estava ele nos resultados: o tema, original, completo, em alta qualidade de He-Man! Um dos downloads mais felizes de toda uma vida.

Há exatos 10 anos, em 2002, finalmente pude adquirir meu primeiro sintetizador. Sempre tive teclados e usava MIDI com o computador, mas nunca fui dono de um instrumento “de verdade”, na linguagem do tecladista. Até então. Após muito batalhar, tive a sorte de uma pessoa trazer dos Estados Unidos o Korg Triton, um teclado/sintetizador revolucionário, que havia sido lançado há pouco tempo — em 1999.

Curiosidade ainda mais off-topic, amigos: esta pessoa que fez a grande gentileza de trazer o instrumento dos EUA, era, na verdade, uma funcionária de uma ótica de Salvador. Eu era um terceirizado no suporte de TI, entre 1999 e 2002, daquela empresa. A colega havia se relacionado com um americano, pela revolucionária “Internet”. O seu então futuro marido estava de viagem marcada para conhecê-la aqui na Bahia. Um americano muito, muito simpático, ofereceu trazer de lá “coisas” para quem ela quisesse — prática comum, antes da difusão do comércio eletrônico.

Seria uma grande chance para mim. Aqui em Salvador, o Korg Triton em 2002 custava exatamente 12.000 reais (!) naquele ano, na única loja que oferecia o instrumento para vender por estas bandas. Com o dólar baixíssimo da época (acho que estava R$ 1,2 apenas!), ele custou exatamente R$ 5000,00 nos EUA! Eu estava juntando, lentamente, para compra-lo dividindo em parcelas. Esta grande chance oferecida pela colega, permitiu-me comprar à vista pois já tinha conseguido juntar aquela quantia trabalhando como autônomo em informática/TI.

Imagina só a dimensão do favor desta colega: pediu para que ele comprasse o Triton por lá e trouxesse no avião para mim! Pois é amigos: eu, que só viajei de avião uma única vez na vida, fui buscar este americano no aeroporto com a sua futura noiva — porém, eu estava 10 vezes mais empolgado com a chegada do rapaz do que a própria colega (risos).

Enfim, ele apareceu no desembarque com um enorme case e eu tive certeza: era ele, o Triton! O americano trouxe como se fosse um instrumento musical dele próprio, portanto passou facilmente pela alfândega. Não paguei nenhum imposto adicional!

O instrumento foi um marco na área da produção musical, pois era realmente revolucionário naquele tempo. Não entrarei nos detalhes aqui, mas imagine um único console que rode jogos de PS3, Xbox 360 e Wii… seria o equivalente gamístico ao impacto do Triton para produtores profissionais de música. Para se ter uma idéia do poder de fogo do sintetizador (na época): A música “Can’t Get You Out Of My Head”, da inglesa Kylie Minogue, foi inteiramente produzida neste instrumento eletrônico. Incluindo, até mesmo, a captura e pós-produção da voz da cantora.

Poucos anos depois de 1999, a velocidade dos PCs e Macs permitiram a migração das funções de produção completamente para os computadores. Hoje, há pouco sentido em produtos como o Triton. Porém, o fato dele ser um instrumento dedicado, faz com que mouse, interface de computador e outras distrações fiquem de fora: fazer game music neste instrumento, para mim, é como jogar no console real, sem emulação…

O que isto tudo tem a ver com a música de He-Man? Empolgado com um timbre de guitarra existente no Triton, incrivelmente realista na época, fiz uma brincadeira enquanto aprendia a manipular no teclado novo e toquei ao vivo uma guitarra (ao teclado, claro), por cima da tal MP3 do tema do desenho animado baixada no Napster. E é este “remix” que fiz em 2002 que coloco aqui para vocês escutarem, amigos.

Não é game music; mas o tema de He-Man é tão bonito, épico, que facilmente poderia ser… Os créditos da trilha sonora original de He-Man and the Masters of the Universe são de um israelita chamado Shuki Levy, compositor também dos temas de Power Rangers (dentro outros sucessos da época). Espero que gostem!

He-Man Theme With Rock Guitar  (Synth Guitar by Cosmonal) [2002]

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Game Music Original > Eternal – Abertura

Amigos do Cosmic Effect: faz um tempinho que não coloco versões de game music por aqui. Mas há um motivo: andei produzindo algumas músicas originais para alguns jogos, basicamente contribuindo com projetos piloto ou atividades didáticas de colegas que estão envolvidos com desenvolvimento de jogos.

Independente do jogo em questão ter sido completado ou não, gostaria de compartilhar aos poucos com vocês estas faixas que compus para ser trilha sonora dos tais projetos — correndo o sério risco de acharem entendiante escutar uma música desconhecida. Afinal, não haverá a típica sensação de nostalgia associada ao ato de escutar uma versão daquela game music que você curte. Mas… quem sabe alguém, fora minha mãe (risos), acaba gostando de alguma? :-)

A música que gostaria que escutassem hoje é o Tema de Abertura do jogo “Eternal”, que seria trabalho de faculdade de um colega que cursava uma pós em desenvolvimento de jogos. O jogo não saiu do papel, mas acabei compondo duas músicas (são de 2010) inspirando-me nas idéias conceituais: seria um jogo de nave, de scroll lateral e no estilo sombrio de R-Type. Danilo Viana, o Dancovich, havia feito à pedido do mesmo colega, uma rápida animação do possível chefe, um cérebro — bem R-Type por sinal. A imagem dele ficou realmente assustadora, o que em se tratando de um shmup no estilo R-Type, é um mega-elogio. É isso, espero que gostem da música: é curtinha, levemente “ambient” e de clima dark.

“Eternal – Abertura (by Cosmonal) [2010]”
Caso deseje baixar a MP3 (!), use o “Download” do player.

Mas…

…este post…

…não acabou…

ainda…

“Golden Axe Versão 1”, feita pelo mesmo Cosmonal, na época em que era apenas conhecido como Eric (risos) e não sabia que o nome da música da primeira fase de Golden Axe era Wilderness. Exatamente 20 anos atrás, em 1992. Foi neste ano que ganhei meu primeiro instrumento próprio, um teclado Yamaha PSR-400. Ainda sem computador ou nenhum tipo de ferramenta, mas com um Mega Drive a poucos metros do teclado… não resisti: comecei a fazer minhas próprias versões de game music, costumeiramente após uma demorada visita ao sound test.

Façamos um exercício retrô e lembremos da época: O presidente era Fernando Collor, o grunge tomava conta do rock e Thundercats e He-Man ainda não eram retrô; O Exterminador do Futuro 2 acabara de ser lançado e O Parque dos Dinossauros estava prestes a aparecer nos cinemas. A Tec Toy abusava do sucesso do Master System e do Mega Drive no Brasil, aproveitando a ausência da Nintendo oficialmente por aqui. E o autor deste artigo… tocava a música da primeira fase de Golden Axe incessantemente no teclado e gravava numa fita cassete BASF Ferro Extra I, devidamente digitalizada e que gostaria de arriscar-me a compartilhar aos pouquinhos com vocês, amigos :-)

Caso tenham a curiosidade de escutar, faço um pedido importante: dêem um MEGA desconto ao adolescente jogador de videogame que aprendia a tocar. Aos 14 anos de idade, era um aprendiz completo: tanto no aspecto musical, quanto na habilidade de produzir uma música. O resultado é “experimental” e os arranjos, no mínimo, inocentes.

Habilidade? Sem sequer um sequenciador (que é o equivalente ao “gravador” para o compositor que toca instrumento de teclado), muito menos um computador como um Atari ST ou PC, só me restava utilizar a área de memória limitadíssima do próprio teclado.

O lado bom deste período? Passar por privações similares às que os compositores de game music experimentaram nas primeiras gerações, especialmente nas eras 8 e 16-bit. Desenvolvi a capacidade de “tirar música de ouvido” totalmente a partir das músicas de videogame. Até “perdi um pouco o respeito” por jogos que não tinham a função sound test: “e se eu gostasse muito de uma música e quisesse tirar depois de terminar o jogo?” Sem o teste de som pra ouvir com calma, era obrigado a gravar a música in-game para uma fita cassete, mas geralmente os efeitos sonoros atrapalhavam o objetivo — que era transpor cada instrumento daquela game music para uma performance ao teclado.

Falando em performance, há vários erros performáticos na “versão” (praticamente uma estendida) de Golden Axe que lhes apresento; também, arranjos meio “perdidões”, além de improvisos que me deixam até embarassado ao escutar hoje em dia — a música é “coisa de criança” mesmo… :-)

Fora isso, a qualidade sonora é de um K7 que não foi bem conservado nestes 20 anos, uma vez que nunca imaginaria compartilhar essas versões de game music com ninguém… mas o futuro chegou e, quem sabe, alguns de vocês viagem comigo para o tempo em que F-Zero e Golden Axe era tudo que precisávamos. De preferência, com um bom sound test na tela de abertura…

“Golden Axe Versão I (by Cosmonal) [1992]”
Caso deseje baixar a MP3 (!), use o “Download” do player.

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