Double Dragon 2 (NES)

Double Dragon 2 (NES)
Por Danilo Viana.

Em 1987, uma empresa japonesa chamada Technos cria um beat-em-up chamado Double Dragon, sucessor espiritual de um game que, nos EUA (e aqui), era conhecido como Renegade. Double Dragon pegou o mundo dos arcades de jeito, oferecendo ação para dois jogadores simultâneos e a possibilidade de roubar as armas dos inimigos (isso na época era novidade, bons tempos).

Obviamente as versões de consoles eram obrigatórias – mas estamos falando de tempos negros para os videogames domésticos, onde um port do arcade era garantia de conversões imperfeitas em diversos aspectos. Com Double Dragon, não foi diferente. Infelizmente, as perdas neste caso ultrapassaram todos os limites: fases foram alteradas, permitindo apenas dois inimigos ao mesmo tempo na tela (e ambos eram color swap do um mesmo inimigo) e, o pior de tudo: foi removida a opção de dois jogadores simultâneos, sendo substituída por um esquema “Super Mario Bros.” (os jogadores se alternam cada vez que um morre) e Jimmy se tornou o último chefão do jogo!

Para torcer a faca nas costas do NES, a SEGA adquiriu os direitos para lançar o jogo para seu Master System e o resultado foi bastante superior. Ainda não era perfeito, mas contava com dois jogadores simultâneos, três inimigos na tela ao mesmo tempo e gráficos superiores ao NES.

Parecia que o NES estaria marcado com o estigma de receber os ports ruins de Double Dragon, mas eis que no ano seguinte, em 1988, é lançado para os arcades Double Dragon II: The Revenge. Aqui a missão não é salvar a mocinha, mas sim vingar seu assassinato – já que, no início, a moça é morta pelos bandidos. O jogo de arcade seguia o mesmo estilo do primeiro, mas tinha controles diferentes – ao invés do velho soco e chute, aqui existe um ataque para esquerda e um para direita; para chutar o jogador, era necessário virar ao contrário do lado que iria atacar (virar para esquerda e usar o ataque da direita e vice-versa).

Em 1989, viria a versão do NES do segundo jogo. A expectativa era geral – seria o jogo mal portado como o primeiro? A resposta é: sim e não. Mas, como isso é possível? Bom, para começar a versão de NES é bem diferente do arcade, o que faz dele um mau port. Mas como Ninja Gaiden e Contra estão aí para mostrar, nem sempre um mau port se traduz num game ruim, e aqui descobrimos que a versão de NES é de fato MELHOR que a original de arcade.

Essa vale a pena vingar a morte.Vamos começar pelas semelhanças, que são poucas. Aqui a opção de dois jogadores simultâneos voltou ao NES e introduziu duas opções distintas. No modo A, os jogadores não podem se atingir, tornando o jogo mais fácil; mas, no modo B, eles podem trocar sopapos e isso é até uma manha para mais vidas, já que caso um jogador mate o outro, a vida perdida vai para o vencedor do combate. Outra semelhança é o esquema de combate usando ataque para esquerda e para direita, o que confundiu alguns jogadores na época – inclusive este autor, que tinha um Phantom System com botões B e A trocados por A e B, fazendo com que o botão de ataque para direita fosse na esquerda. A semelhança final é a história: é a mesma no NES, o que surpreende, pois temos um jogo de Nintendo – o videogame mais anti-violência gratuita que existe –  onde o tema do jogo é vingança pela namorada morta.

Agora vamos as diferenças – a começar pelas fases. No arcade existem 4 missões, mas na versão de NES são 9 no total, tornando o jogo maior e mais interessante. No Nintendinho temos também seleção de dificuldade, que inclusive determina o quanto do game o jogador verá (para ver todas as 9 fases é necessário jogar no nível mais difícil). Os inimigos do arcade foram quase todos reproduzidos no NES, mas a versão de console trocou alguns deles por novos sprites, e introduziu alguns novos. Inclusive, o último chefe do NES é diferente e produz uma batalha final mais “épica”, eu diria. O final é diferente também nas duas versões, mas aí vocês terão que jogar para conferir cada um. Como última diferença, a versão de NES conta a história através de cutscenes entre as fases: observem a Marion que aparece na introdução do jogo e decida se não vale a pena vingar a morte da donzela.

Os gráficos da versão de NES são obviamente inferiores à versão de arcade, mas bastante superiores ao primeiro jogo do console. Os sprites são bem diversificados e apenas os inimigos mais fracos são copiados do primeiro jogo. Vale ressaltar a ausência de Abobo, inimigo mais icônico da série e aqui substituído por cópias de Arnold Schwarzenegger e… bem… um cara que “parece” Abobo com cabelo mas é um inimigo completamente diferente e que na versão de NES, usaram o sprite do Abobo como base.

A música é um show à parte – a série sempre foi conhecida por sua ótima trilha sonora e aqui não é diferente. O tema principal está presente e as músicas das fases encaixam-se perfeitamente ao tipo de ação exigida. A música final é super empolgante e faz a última batalha ser ainda mais épica.

Dado o port de baixa qualidade do primeiro Double Dragon e o desastre que foi o terceiro jogo da série (talvez um dia façamos um review dele), é fácil dizer que Double Dragon II: The Revenge é o melhor Double Dragon de NES – se considerarmos ainda que a série andou de molho um bom tempo é fácil perceber que este jogo concorre com louvor a melhor jogo da franquia.

SCORE

GAMEPLAY: Foi perfeito na época, hoje está um pouco duro. O esquema de controle não ajuda, mas no geral, o gameplay é bom 3/5
GRÁFICOS:
Defasagem típica de port de arcade, mas o trabalho ficou excelente 4/5
SOM:
Os básicos socos e chutes, bastante som reaproveitado, mas são bem executados 4/5
TRILHA SONORA:
Perfeita, típica da série. Não há nenhuma música ruim 5/5
DIFICULDADE:
Só no mais difícil se vê o final, há vários momentos de instant death e não há continues, é bem difícil 4/5

DADOS

NOME: Double Dragon II: The Revenge
PLATAFORMA: NES
DISPONÍVEL EM: NES, Virtual Console (Wii), emuladores
DESENVOLVEDORA: Technos
DISTRIBUIDORA: Taito
ANO: 1989

* * *

13 Respostas

  1. Quando eu era bem pequeno um primo meu tinha um cartucho pirata de DD2 com vidas infinitas. Foram muitas tardes perdidas surrando bandidos ^^ É uma pena que não exista mais jogos de ação com dois jogadores dividindo a mesma tela.

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    • Esse cartucho pirata passou em minha mão e foi minha primeira experiência em DD2. Depois comecei a alugar o jogo que nem Matrix quando saiu e essa versão já era a original então era bem mais difícil terminar, principalmente quando chega na parte das armadilhas.

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  2. Lembro-me da versão arcade como fosse hoje e dos kilos de moedas que gastei. Simplesmente o melhor beat-em-up da minha infância.

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  3. Eu não sabia que Renegade tinha saído antes de DD. Para mim Renegade tinha saído depois, para aproveitar a fama de DD.

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    • Pois é, nem eu. Na verdade nunca estabeleci nenhuma relação entre esses jogos, achava apenas que era dois beat-em-ups da época em que esse estilo dominava os arcades. Postar no Cosmic Effect ensina.

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  4. Eu era simplesmente APAIXONADO por esse jogo na época… O primo do meu primo tinha um cartucho de 60 pinos branco que tinha double dragon 2 e super C, diversão na certa! O double dragon tambem tinha um lance diferente de continues e um lance de pular fases que eu não lembro como era mas pow jogávamos muito isso no turbo game e no dynavision… Muitos anos depois com eu já quase adulto fui tentar jogar (a versão “verdadeira” que era dificil pacas) e não consegui muito… me enrolei com o lance da troca de botões (que eu nem sequer lembrava que existia) mas tenho boas lembranças desse jogo…

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  5. Eu não sabia que Double Dragon era port de Arkades… o DD 2 foi um dos melhores games que joguei no NES e além disso eu reunia os vizinhos para jogá-lo varias vezes em casa, foi com certeza o game que eu mais fechei era como se fosse um game de futebol que tem um “replay” alto.
    A música da 1 fase de Double Dragon 2(NES) é uma das que mais trazem nostalgia…a época maravilhosa!

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  6. Sempre vou gostar de DD, não importa o console.
    Foi o primeiro jogo que aluguei no meu Master System, a sensação de se jogar um sucesso dos arcades (na época) na sala de casa era fantástica!
    Pensando bem… ainda é!
    Belo post!

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  7. Excelente post Danilo!
    Joguei muito Renegade no Arcade e no TK90 (Muito bom por sinal!)
    Desde DD1 do arcade que admiro essa dupla. O DD III do arcade e aqulela pedra Roseta..putzz foi um golpe baixo nos fans!
    As musicas do DD2 do NES sao realmente otimas releituras das musicas do arcade. Demais mesmo!
    Sou fan numero um do Chin Tai Mei, aquele chefao da terceira fase do arcade, com os dois bastoes e sendo o primeiro vilao que dava rasteiras fantasticas! Acho que a inspiracao daquele salto vem da classica cena de Sho Kosugi em “Ninja Assasino” ou seria Dan Inosanto amigo de Bruce Lee e mestre naquela arte do Bo, bastao duplo?

    E’ um jogo de passar as tardes de sabado com os amigos tanto no arcade quanto no NES, DD2!

    Valeu!

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    • Rapaz, eu achei muito louco quando vi aquele chefe do arcade, pq no NES ele é um inimigo normal (inclusive demora de aparecer, é lá pela fase 4 ou 5). Eu achava ele demais no NES por causa dessas rasteiras e a voadora giratória que ele dava, o sprite dele não parecia com nenhum dos outros do jogo.

      Inclusive Eric me comentou que não tinha jogado e não deu outra, passamos a manhã de domingo jogando 2P. Eric, faz um favor e posta você mesmo as impressões do jogo…

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      • Valeu Danilo, rapaz…

        Só uma coisa a dizer, melhor que o primeiro e um dos melhores beat’em up que já joguei, sem dúvidas.

        Não, tem mais :) Primeiro, os golpes são divertidos de fazer, requer bastante timing – o button smasher típico aqui vai sobrar em alguns momentos. Depois, aqueles trechos de plataforma no melhor estilo de um jogo da Nintendo ou Konami ali, rapaz… é pouca coisa, mas na medida certa pra um jogo de luta desse tipo. Dá aquela variedade e é beeem difícil, foi a hora em que Danilo e eu (principalmente eu, rs) desperdiçamos umas preciosas vidas.

        Aliás, o jogo todo é difícil, pelo menos como Danilo me chamou pra jogar, no “difficulty” porque só lá tem o jogo completão. Por sorte, a versão japonesa tinha continue, rs, aí deu pra ir até o final.

        Enfim, JOGAÇO mesmo, melhor que o primeiro do Master System sem dúvida, virei fã instantâneo depois daquele partida. Valeu Danilo (e Andrey, que também era fã desse jogo e vivia falando nele, rs) por enfatizarem esse clássico. Verdaderia diversão thrilling 8-bit.

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  8. O Abobo cabeludo também tem na versão do mega drive, não lembro se está no arcade

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  9. […] um gravador na frente da TV para gravar as músicas em K7. Neste ano, joguei por inteiro com o Danilo, a continuação para NES, que tem gráficos iguais ou melhores que o Double Dragon 1 do Master […]

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