Dino Land (MD)

Por Eric Fraga.

Fliperama foi como batizamos, no Brasil, os Arcades. Para quem não sabe, os dois (ou mais) “flippers” são a nossa interface com as máquinas de pinball que, em meados dos anos 80, dividiam de igual para igual o espaço com os jogos totalmente eletrônicos.

Os jogadores de Atari 2600 conhecem Video Pinball, da própria Atari, para o console: provavelmente o mais famoso simulador doméstico de fliperama do seu tempo. Era um bom jogo, reunia os elementos principais de pinball – tinha até tilt; e numa única mesa (ou ‘playfield’), claro!

Claro?

Como sabemos, jogos adoram flertar com o ato de contar histórias. A Taito, uma das maiores do ramo,  criou máquinas temáticas muito charmosas como Cavaleiro Negro, Vortex e Rally – esta última eu era particularmente fissurado por conta dos efeitos sonoros dos carros :) Nos fliperamas, os jogadores das máquinas eletro-mecânicas costumavam ser mais velhos do que a garotada que preferia os jogos eletrônicos. Atento a esse mercado, algumas produtoras de jogos para os consoles domésticos e computadores passaram a criar jogos de pinball, que até se tornaram gênero próprio nos consoles. E, aproveitando as possibilidades da mídia, a idéia de máquinas temáticas ganharam muito mais energia neste aspecto.

Dino Land é um destes exemplares. Esquecido no Mega Drive (e logo ofuscado por Devil’s Crash), o primeiro pinball para o 16-bit da SEGA foi produzido pela Wolf Team – famosa entre os amantes deste console – e trouxe o charme de uma historinha para o campo de jogo: um casal de dinossauros pequenos vivia feliz até um dinossauro grande raptar a fêmea (a dinossaurinha rosa); seu personagem, o namorado, vai resgatá-la. Ainda bem que o rapaz pode se transformar exatamente numa bolinha de pinball, porque o campo de batalha conta com os elementos típicos dos fliperamas.

São três campos de jogo: terra, representando o playfield principal; água e ar são os dois outros cenários, além de uma tela com um boss distinto em cada um deles. O acesso a cada cenário é conseguido quando o jogador completa alguma “quest” no playfield: por exemplo, para lutar com o boss na terra, você precisa acertar seu dino-bola numa trava, 6 vezes, sem perder vida no processo. Quando o jogador consegue, ele vira dinossauro e sai da tela principal. As lutas são legais e fulminantes: não há scroll, você controla os dois flippers e pode se transformar em dinossauro por alguns instantes para “atacar” o ajudante do chefão. Quando ainda não se conhece o jogo, a luta não costuma durar nem 1 segundo: isso porque a bola começa no seu flipper esquerdo e, no reflexo, você o aciona mandando o dino direto no boss que o rebate para a caçapa…

A vitória contra o chefe garante 1.000.000 de pontos ao jogador. Estamos falando de um pinball, então a recompensa maior costuma ser o bom e velho score mesmo. Então, você retorna para o playfield de onde veio e tudo recomeça. Justo. Os dois cenários alternativos apresentam pouca variação no playfield relevante ao gameplay, mas o suficiente para lhe manter interessado. Um showzinho a parte são as músicas: enquanto que no playfield principal a trilha é apenas mediana, as duas músicas dos outros cenários são fantásticas. Graficamente, as fases alternativas são totalmente diferentes e até um parallax bem legal aparece na tela do ar. Certa feita, eu e meu irmão jogamos até a madrugada em busca de zerar (literalmente) o Dino Land, para ver, quem sabe, um final. Conseguimos um score muito alto, até porque nos mantemos vivos até a madrugada, mas não o suficiente para fazer os 99.999.999 desejados :)

Enfim, Dino Land não é nenhum Devil’s Crash ou, muito menos, qualquer um da fantástica série Pinball Dreams (PC/Amiga); nem tem uma física muito real, que costuma ser bem caprichada neste tipo de jogo. Mas, com seu ar inocente e músicas cativantes, garante boa diversão para os antigos fanáticos por Video Pinball…

Como Dino Land é pouco conhecido, se puder assista o videozinho a seguir, que mostra todos os cenários rapidamente. Curiosidade: a trilha sonora contém vários samples utilizados também nos jogos de Sonic da época – e até mesmo em Sonic 4. Observe, especialmente, a bela música da fase do ar e viaje nela…

SCORE

GAMEPLAY: Não tem física espetacular, mas os playfields são divertidos 3/5
GRÁFICOS: Bem cuidados, um parallax legal mas alguns framedrops inexplicáveis 3/5
SOM: Os dinos soltam uns ruídos engraçados, mas muito ruído branco fica feio 2/5
TRILHA SONORA: O tema é bonitinho; músicas dos playfields alternativos são pérolas 4/5
DIFICULDADE: Não é o seu típico pinball, não é tão difícil ficar muito tempo “vivo” 2/5

DADOS

NOME: Dino Land
PLATAFORMA(S): Mega Drive
DISPONÍVEL EM: Cartucho, PC via emuladores
ANO: 1991
DESENVOLVEDORA: Wolf Team

* * *

21 Respostas

  1. Como um pinball pode ser um dos melhores jogos de todos os tempos? A excelente e envolvente trilha sonora e musical aliada aos criativos gráficos de DINOLAND…

    Rumo aos 99.999.999…

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  2. Rapaz, nunca gostei de jogar pinball nos consoles… Não sei, dá uma sensação muito esquisita. Parece que a gente tá jogando e não vai chegar a lugar nenhum, rs

    Mas, pelo que vi, a trilha sonora parece ser sensacional! Darei uma ouvida nela assim que puder!

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    • haha, pior que entendi mesmo seu ponto de vista. Pinball é aquele lance de fazer pontos mesmo; tem seus momentos de emoção, mas jogar não-casualmente um pinball é algo demorado e um pouco repetitivo mesmo. Mas as músicas quero mesmo que você escute com atenção mister Rafael, certamente, quase que obrigatoriamente, você vai curtir muito :D

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  3. Gostava bastante deste pinball!

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  4. Uma vez eu aluguei ele e não conseguia jogar nem ferrando.

    Hoje, eu pego ele pra jogar e não consigo nem ferrando passar dos chefes.

    Ou seja, o tempo passa e eu continuo sendo um pato em pinballs…

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    • @Cosmão
      eheheheh, e os chefes nesse jogo, como até comento no review, nas primeiras vezes não passam de 1 segundo, rs

      @Tandrilion
      Mais um fã de Dino Land, manda uma foto 3×4 pr’eu providenciar a carteirinha do clube :D

      @Eduardo Fraga
      Bom, o irmão que comenta é o que jogava comigo Dino Land, como ele jogava poucos jogos, ficava fanático MESMO por estes…

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    • Qual é Cosmão?! Pra você que conseguiu terminar The Immortal (Nome que eu considero completamente equivocado pra um game desse), vai ter dificuldade com um pinbalzinho desses aí?
      :-)

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      • uhauhauhau, é verdade, acompanhei o diário da jogatina de The Immortal do Cosmão (não esqueci da minha promessa de fazer a “Candle Theme” do início de Immortal não, viu Cosmão?).

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  5. Putz, eu gosto muito desse jogo, principalmente da trilha sonora! Aliás vários jogos de Pinball de Mega tem uma ótima trilha, especialmente Devilish.

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    • Legal, você dizendo isso dá pra ver que quem jogou Dino Land se apaixonava pelas músicas mesmo. Se não me engano, foram compostas por uma mulher por sinal, lembro do manual da locadora na época ser em japa, mas tinha a fotinha de uma moça num sintetizador :)

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      • Uma mulher? Legal, não sabia disso! Gosto muito da música da aprensentação do Dino Land, além das “side quests”.

        Sobre o Devilish que eu citei, suas músicas são criadas por ninguém menos que Hitoshi Sakimoto, responsável pelas músicas de games como Ogre Battle, Tactics Ogre, Final Fantasy Tactics e Vagrant Story, entre outros.

        Pra quem interessar, seguem algumas músicas do game:

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        • Caramba, eu não tinha jogado Devilish na época não, mas estou aqui curtindo a trilha, realmente ótimas. Fiquei triste de não ter jogá-lo na época agora, estou escutando o vídeo no último volume! Essa primeira música do playlist do vídeo é daquelas clássicas instantâneas. Valeu mesmo a dica Marcos.

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  6. Cara, as músicas da Wolf Team eram inconfundíveis. Eles usavam uns instrumentos bacanas, tinha tipo um baixo marcante… a gente logo associa aos outros jogos da empresa, tipo Arcus Odyssey.

    Outra coisa que curto no som da Wolf Team é que eles usam um som que parece o de castanholas, fica legal pra caramba… tem muito numas músicas do El Viento.

    Eu curto esses pinballs com monstros e afins, acho muito divertidos. Esse parece ótimo mesmo, lembro de você ter comentado sobre ele comigo em outras ocasiões. Vou pegar para jogar depois.

    Ótimo post, parabéns e um abraço!

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    • Legal, acho que sei qual som você se refere como parecido ao de uma castanhola, nas músicas de El Viento eram bem pronunciadas mesmo… acho que é um clap, só que o sample tem baixa frequência, aí fica realmente parecido com uma castanhola mesmo! (acho que é esse) E o baixo é realmente marcante, metálico pra caramba – nostalgia pura Mega Drive mesmo. Muito parecido com o famoso baixo slap sintético utilizado na abertura da série Seinfeld! (cadê o Cosmão? :)

      Falando em Mega, o Devil’s Crash era realmente um pinball melhor do que o “enjeitado” Dino Land. Ambos tinham músicas de estilos bem diferentes, mas igualmente criativas e bonitas. Inclusive, um post antigo muito bom seu sobre a série Crush (que no Mega ficou “Crash”) indico agora pra quem não leu: http://www.gagagames.com.br/?p=2644

      Valeu Orakiano!

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  7. O pinball Rally que vc citou no começo do review era aquele que tinha naquele antigo arcade do centro comercial do Costa do Atlântico, Eric?

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  8. Pra ser sincero, eu nunca gostei de jogar Pinball, tanto que até hoje eu ainda não tive paciência de jogar o Sonic SpinBall e até hoje eu fico “P” da vida quando eu entro no cassino do Sonic Adventure e tenho de passar por aquelas versões Pinball no Night ou do próprio Sonic. Mas Posso te dizer uma coisa…: Você falou umas coisas sobre esse jogo (Como gráficos e principalmente as músicas) que eu estou meio que com vontade de jogar isso aê.

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    • Grande Yoz! É, o lance meio paradão do pinball acaba afastando muita gente, hoje e sempre.

      Mas escuta mesmo as músicas dele, são daquelas que funcionam até isoladas do jogo. Abração!

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  9. Eu tinha o vídeo pinball, mas nunca tinha visto esse tal de dinolândia ;o

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  10. Uau.. Vortex… So em ouvir o som desse pinball.. nos ja sabiamos que a casa de jogos eletronicos estava aberta. De longe ja escutavamos. rssss

    Vortex.. aquela heroina parecia uma Sonja.
    Lembram que ate pouco tempo muitas pessoas se referiam a um problema com:
    Vixe.. deu Tilt!!

    Valeu!!

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    • @Andrey
      ahahah, Andrey é realmente do tempo de Vortex mesmo, da “Taito do Brasil” eheheheheh

      Eu não tinha força pra inclinar a máquina de flipper não, até “admirava” os mais velhos que conseguiam dar Tilt ehehehehehe

      @sonic_tales
      Ôpa, você tinha Video Pinball! Até hoje de vez em quando coloco meu cartuchinho no Atari e passo alguns minutos brincando de tentar parar a bola perto daqueles dois buracos da parte de baixo (quando se coloca no “B” da chave de dificuldade eles se abrem, lembra? rs)

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