Toxic Crusaders (NES)

Por Danilo Viana

Muitos de nós que vivemos e jogamos entre a década de 80 e 90 contávamos com as locadoras para ter acesso à maioria de nossos jogos. Alguns clássicos como Sonic, Contra, Super Mario Bros, Alex Kidd e outros só eram jogados dessa forma, já que não tinhamos dinheiro para comprar tantos cartuchos.

Mas apesar de jogarmos muitos sucessos dessa forma, algumas vezes os melhores cartuchos já estavam alugados e tínhamos de nos contentar com algum jogo menos conhecido – às vezes resultando em uma ótima experiência; outras nem tanto. Contudo, pode acontecer do game ficar no meio do caminho, pois não é um daqueles jogos que se tornaria sucesso e, ao mesmo tempo, não é ruim o suficiente para merecer a fúria do jogador – que gastou sua mesada inteirinha no aluguel e agora tem de aturar aquela chatice o fim de semana inteiro.

Toxic Crusaders é um destes jogos: lembro que o aluguei em um fim de semana em que TMNT 2 The Arcade Game para Nintendo não estava disponível. A capa era similar, as fotos me faziam ver que era jogo “de porrada”. Arrisquei e levei o coitado para casa, abandonado que estava na prateleira da Alameda Vídeo. Quando começo a jogar, minha clássica primeira reação ao achar o jogo ruim foi que m**** é essa? Mas com o tempo acabei acostumando com o jogo e até que foi divertido – nem precisei fingir que o cartucho “não pegou” em meu Phantom System pra trocar por outro.

Toxic Crusaders foi lançado em 1991 pela Bandai e é, acreditem, baseado em um desenho animado de mesmo nome. O desenho, por sua vez, era baseado em um filme chamado Toxic Avenger – acha que adaptações de filmes para jogos são uma má idéia? Que tal uma adaptação de filme para desenho seguida de uma de desenho para jogo?

A trama do filme é uma cópia barata de Tartarugas Ninja, um nerd chamado Melvin é constantemente atormentado por uma turma da pesada. Um dia, durante uma fuga, ele acaba caindo em um latão de lixo tóxico e sofre uma mutação que o deixa desfigurado e super-forte. Ele resolve se vingar de seus malfeitores – e de quebra desmembrar uma rede de crime que ronda Nova Jersey.

O filme é bastante violento (nas cenas iniciais Melvin, já transformado em monstro, esmaga os testículos de um dos bandidos) além de conter cenas com forte apelo sexual, coisa típica de filme B. Já o desenho não segue nada disso e adota a postura de bom moço dos anos 90, usando alienígenas sem nada melhor pra fazer que resolvem poluir nosso mundo só porque é divertido – ou seja: o desenho é uma versão pobre do Capitão Planeta.

Portanto, o game segue o desenho e sua missão é destruir os planos do Dr. Killemoff (algo como Dr. MateATodos). O estilo é beat’em up à la Double Dragon, mas infelizmente não se compara em nada ao seu inspirador, sofrendo alguns problemas que o rebaixam à categoria de medíocre.

Seu personagem usa um esfregão para acertar os inimigos, mas se ele for acertado uma única vez, perde o esfregão só lhe restando usar as mãos, tornando o esfregão inútil pois será difícil conseguir chegar ao fim de uma fase sem ser atingido. Outro problema é que o jogo é bem difícil: os inimigos vem em grupos e sua movimentação não é suficiente para se desviar, além do fato que a maioria dos inimigos lhe acerta de longe com pedradas e tiros e você só tem os punhos e o tal esfregão inútil para se defender.

Estes problemas impedem Toxic Crusaders de ser considerado um jogo bom. É uma pena pois basta jogar alguns minutos para perceber o potencial para um game bem bacana – a música é interessante, a animação do personagem não é tão ruim e a história é tão cafajeste que se torna divertida. Se a dificuldade fosse moderada e você possuísse alguma forma mais eficiente de ataque além dos punhos e o esfregão, ele poderia até se passar como um daqueles games cult.

Apesar dos problemas, Toxic Crusaders acaba acidentalmente sendo muito melhor que várias adaptações de filmes e desenhos que vemos por aí – mesmo sendo baseado em um filme e um desenho que não tem nenhuma pretenção além de ser tosco do início ao fim. Acredito que não haviam muitas direções para o jogo seguir, além de para cima.

Se você é aventureiro e gosta de umas tosqueiras de vez em quando, recomendo que tente experimentar Toxic Crusaders – não terá muito a perder, nem tempo, e pode até dar umas gargalhadas. Já se você gosta apenas de jogos refinados ao extremo, verdadeiras obras literárias em formato digital, digo: mantenha distância.

SCORE

GAMEPLAY: Uma arma inútil e inimigos mais rápidos que você denigrem a experiência 2/5
GRÁFICOS: Interessantes para a época, não são nenhuma obra prima mas já vi piores 3/5
SOM: Os efeitos sonoros são apenas genéricos, não são ruins mas nada se sobressai 3/5
TRILHA SONORA: A música até que é bacaninha, um dos aspectos que salvam o jogo 4/5
DIFICULDADE: Muito alta pelos motivos errados, os inimigos são melhor armados e mais rápidos que você 2/5

DADOS

NOME: Toxic Crusaders
PLATAFORMA(S): NES, Gameboy, Mega Drive (versões de Gameboy e Mega Drive são totalmente diferentes)
DISPONÍVEL EM: Cartucho, PC via emuladores
ANO: 1991
DESENVOLVEDORA: Bandai

* * *

5 Respostas

  1. Affff que tosqueira Danilo!! hehe

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  2. EU nao consigo jogar isso juro por deus

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  3. Esse é um joguinho que infelizmente não conseguir ir adiante, NÃO É RUIM!
    Mas também não o achei muito…como posso dizer empolgante.
    a velocidade do jogo me incomodou bastante, era desviar de um inimigo e paf, levava de outro.
    Não é ruim, mas vale como curiosidade, já que o filme é animal ;)

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  4. Rapaz! Que jogo é esse?!
    :-)
    Nunca ví na vida… Vou ver se eu consigo esse game pra dar uma testada…
    Há! Valeu pela visita no “Histórias Proibidas”
    Apareça mais porque daqui a um tempo eu irei divulgar uns posts meus no Blog de Algol.
    Até mais!

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  5. Pois é galera, Toxic Crusaders é um daqueles fails de locadora mesmo. Com um pouco de treino, EVENTUALMENTE você consegue ir um pouco mais longe que a primeira fase, mas no final é um jogo muito difícil pelas razões erradas.

    Agora o que eu acho legal nele é a TOSQUEIRA que é a idéia principal. Um jogo desses não tem como você se decepcionar, as espectativas iniciais são tão baixas que pra ser pior só descendo pro subsolo.

    O filme ainda tenho que assistir, não tá muito fácil de achar por aí, ou eu que não procurei direito. Se eu achar aviso.

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