Star Wars: Death Star Battle (Atari 2600)

Os melhores efeitos sonoros que você já ouviu no Atari 2600.

Por Eric Fraga.

Ah, o charme dos jogos do Atari 2600. O enorme acervo do videogame que verdadeiramente começou a indústria guarda pérolas dos tipos mais diversos. Os primeiros jogos licenciados e baseados em filme começaram neste console. Podemos afirmar, com tranquilidade, que três elementos culturais deram a “cara” dos Estados Unidos para si próprio e para o mundo, no final dos anos 70 e início dos 80: Star Wars, Pac-Man nos arcades e o Atari 2600 nos lares. Uma empresa tradicional responsável por diversos jogos de tabuleiro nos EUA, a Parker Brothers, entra no mercado de jogos eletrônicos domésticos com dois sucessos, em 1982: Frogger e Star Wars: The Empire Strikes Back – este tido como o melhor dos jogos de SW para o 2600. É… os nerds podiam finalmente sair do casulo: o maior sucesso do cinema era um filme totalmente geek e, em casa, a diversão eletrônica tomava conta do horário nobre.

A mesma Parker Brothers lançou mais 3 jogos baseados na franquia de sucesso, sem contar o “spin-off” chamado de “Ewok Adventure” que não saiu do protótipo. Apresento-lhes Star Wars: Death Star Battle, lançado em 1983 logo após O Retorno de Jedi terminar com chave de ouro a trilogia original de Guerra nas Estrelas (nostálgico chamar de “Guerra nas Estrelas” hoje em dia, uma vez que a Fox do Brasil não mais traduziu o título na nova trilogia).

O versão jogável doméstica de um filme com efeitos especiais que revolucionaram o cinema, nem mesmo hoje, teria um visual tão espetacular num videogame quanto o que foi visto nas telonas em 1977, 80 e 83. Mesmo assim, a desenvolvedora explorou bem o Atari e fez um um shooter com dois cenários, naves razoavelmente detalhadas e alguns efeitos sonoros tão espetaculares, que você os aceitaria até mesmo num jogo de hoje.

No comando da Millennium Falcom, o jogo começa como um shooter sem scroll, similar a Asteroids. Porém, sua nave só se movimenta em metade da tela. O escudo da Estrela da Morte é simbolizado por uma superfície “3D” multicolorida; apesar deste escudo não apresentar qualquer tipo de similaridade ao filme, o efeito ficou muito bonito e impressionava na época. É possível observar a Estrela da Morte ao fundo, sendo ainda construída, inclusive. Eventualmente, buracos serão abertos neste escudo – é o momento em que você deve guiar a nave em sua direção e viajar até a Death Star. O segundo momento do jogo é óbvio: destruir a construção bélica do Império. Atirando em direção ao centro brilhante, você deve ainda desviar-se das Tie Fighters e, também, da nave de Darth Vader. Os sprites são monocromáticos, mas suficientemente detalhados para que você os reconheça.

Os efeitos sonoros são o show à parte. O som da Millennium Falcom é fantástico, até mesmo quando o jogador pára sua nave há uma diferença no efeito para indicar. Lembro que costumava passear com ela pelo cenário apenas para apreciar o som. O ruído do tiro é não menos espetacular. Até o típico ruído branco do Atari 2600 foi melhor ajustado traduzindo-se num som de explosão mais bonito. Observe também o som de abertura do buraco no escudo. Fiz este pequeno vídeo que demonstra estas qualidades.

O gameplay é simples e, de fato, muito repetitivo – o que não era incomum nos jogos desta época. Pelo menos, são dois cenários, o que já agrega valor em se tratando de um jogo de Atari. Ao atingir o centro da Estrela da Morte, antes da explosão final, ela solta pedaços; estes são totalmente aleatórios e rápidos (observe no vídeo). É quase impossível desviar sem perder uma vida – o que torna o jogo um pouco frustrante. Mas isso é Atari 2600: quando você passava algumas rodadas sem morrer na explosão, já pulava de felicidade. As recompensas desta época eram um pouquinho diferentes dos achievements de hoje :-) Em geral, o desafio agradava mas não era um shooter rico em gameplay se comparando com Defender, por exemplo. Mas o jogo era tão bem feito que, sempre que eu o encontrava na locadora, era garantia de fim de semana pilotando a Millennium Falcom. Um detalhe: no Brasil, este era um cartucho que fazia parte da assim chamada Série Ouro, que era composta pelos jogos com 8 KB. Para quem não sabe: a Série Prata era representada pelos jogos de 2 e 4 KB – maioria do sistema – e a Série Diamante tinham jogos de 16 KB até 32 KB. O preço das locações eram baseadas nesta divisão.

A Parker Brothers fez poucos games, mas sempre caprichava nos quesitos técnicos. Os primeiros jogos baseados na franquia de maior sucesso do cinema apontava para um futuro promissor nos “jogos baseados em filmes”. Infelizmente, instaurou-se uma espécie de karma negativo e, com pouquíssimas exceções, tivemos quase sempre péssimas adaptações para o mundo dos videogames. Curiosamente, Star Wars é a grande exceção, desde o começo: suas adaptações deram luz à bons jogos, reconhecidos pelos gamers e pela crítica. Ainda bem: os videogames não poderiam decepcionar o filme que “começou tudo”.

SCORE

GAMEPLAY: Shooter estilo Asteroids, mas com uma sensação “claustrofóbica” 3/5
GRÁFICOS: Sprites detalhados e sensação “3D” interessante 4/5
SOM: Fora de série, daqueles que extrapola o videogame 5/5
TRILHA SONORA: N/D
DIFICULDADE: O segundo ato do jogo tem um momento “frustrantemente difícil” 4/5

DADOS

NOME: Star Wars: Death Star Battle
PLATAFORMA: Atari 2600
DISPONÍVEL EM: Cartucho e PC via emuladores
ANO: 1983
DESENVOLVEDORA: Wickstead Design
DISTRIBUIDORA: Parker Brothers

* * *

10 Respostas

  1. Uau!!! Bem feito mesmo esse jogo!!!

    Não me lembro de ter visto ele na sua casa. Eu concerteza me lembraria…

    Aquele feito 3D me lembrou um pouco aquele jogo Beam Rider

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    • Putz, Euler, você foi em cima: Beam Rider. Cheguei a digitar uma frase enquanto escrevia o review, mas deixei de fora por qualquer motivo.

      Acho que na época a gente chamava de “Bími Ráider” ehehehehe – que é outro jogo impressionante tecnicamente, não era? E tinha gameplay bem mais interessante do que este Death Star, com certeza.

      Não deixe de reparar nos sons do vídeo :D

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  2. O post é bacana, o jogo é legal, mas aquela foto de The Empire Strikes Back foi um rio de nostalgia que me levou correnteza afora.
    Vi esse jogo pessoalmente com o Eric e digo que fiquei impressionado de cara. É costume as pessoas hoje em dia não “pegarem” o que tem de fantástico em um jogo tão antigo, visto que qualquer porcariazinha de PS2 tem gráficos melhores, mas no momento que o Eric me mostrou esse jogo de cara eu fiz aquele “uau”. Recomendo a qualquer um que dê uma experimentada no jogo.

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    • Você deve ter jogado o jogo do Império Contra-Ataca ou foi pelo filme mesmo, a nostalgia? Se não foi pelo jogo, dê uma carregada nele, você vai gostar do parallax que os programadores conseguiram. É outro digno de post. Você que programa e conhece sobre hardware, depois entende aê como eles conseguiram naquele hardware e me fala.

      Realmente lembro que quando Danilo ouviu os sons, soltou um genuíno “Uau” de empolgação, ehehehe

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  3. Meu caro…

    Eis aqui, noite adentro, por tarefas várias, na base do capuccino (o d e i o café)… comecei a baixar alucinadamente músicas anos 80… e, o pensamento vagueando, me lembrei de você! Por que será? Ehehehe
    Busquei rapidinho na internet… e eis uma matéria com uma foto tua e o SuperConsole! Não resisti…

    E aí, velhinho: Como está vossa senhoria?
    Dá um alô, meu caro!

    Um abração!

    PS. Lembro das capas dos jogos do Atari… e da frustração de ver o gráfico… era em Fantasy que o dragão parecia um pato? E não havia algo de Senhor dos Anéis, ou um jogo de título parecido? (a primeira vez que ouvi falar no título…)

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    • Daniel? Sério? “O” Daniel?

      Rapaz, até hoje tenho aqui comigo, sob custódia, seus fantásticos desenhos para o RPG da finada Chaos Soft!!!

      Sem palavras aqui, meu email está no “Sobre” acima do banner, por favor faça um contato. É uma coisa muito importante. O seu contato. Isso aí.

      O nome do jogo é Adventure do Atari 2600, realmente o dragão era igual um pato mesmo eheheheh e o Senhor dos Anéis deve ser o do Odyssey, que precisava até de um tabuleiro em cima do teclado daquele videogame.

      Preciso saber se você já se transformou em H.R Giger! Rápido, Daniel!

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  4. Fala Eric! blz meu amigo?

    Cara to impressionado com o efeito 3D do jogo, nunca imaginei ver isso no Atari!!! Tive que ir conferir ao vivo e a cores, rsrs, muito bom!
    Gostei do video, principalmente do início mostrando o Super Console, hehe

    Abração!

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    • Grande Leo! Aproveito para dizer que ontem fiz um comentário enorme sobre o ótimo post de R-Type no seu blog mas não teve jeito dele passar, acho que houve erro na hospedagem na hora. Vou refazê-lo já já.

      Pois é, gostou mesmo, hein? O acabamento deste jogo seria o equivalente a um “Mass Effect” de hoje em dia, eheheheh

      Joguei-o muito nessa época, e sempre me impressionava. Recentemente é que me toquei que se passaram quase 30 anos e os efeitos sonoros continuam incríveis. Não podia deixar de compartilhar isso com vocês :-)

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  5. Putz, excelente jogo. Apesar de repetitivo, o gameplay parece bastante divertido mesmo. Os gráficos e o sons deixam seu antecessor (o único da sua lista que joguei) no chulé…

    Agora vou pedir os reviews da “invasão PC” de Star Wars, com os Rebel Assault, X-wing e Dark Forces… =)

    Que a Força esteja com você!

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    • Você jogou o Jedi Arena na época? Putz, que legal, não tinha visto na época não…

      Pô, Márcio, tá aí: X-Wing, Tie Fighter e X-Wing vs Tie-Fighter no PC. Se não estou enganado, Tie Fighter segurava até poucos anos como a maior nota dada pela PC Gamer (que é a “EGM dos PCs”), 98%. Eles faziam reviews deste jogo quase que a cada edição, por um tempo. E pude jogá-lo (até fiz um hackzinho e traduzi o texto de abertura, era um trecho de texto puro dentro do arquivo de dados :p) até o final.

      Só pra te deixar com água na boca: a última missão, Vader é quem te escolta. Foi inesquecível. Lembro que tinha um coleguinha que “tirava onda” com Star Wars do Super Nintendo. Pois levei ele lá em casa e carreguei Tie Fighter no meu poderoso 486; “mas a música não vai se comparar com a do meu SNES, parece a do filme”. É verdade, para quem só usava a Sound Blaster. Mas eu tinha um teclado MIDI e, nessa época, quem tinha teclado ou módulo de som roteava os jogos para tocarem suas músicas MIDIs pelo teclado. Quando ele viu eu dando um rasante com minha Tie Bomber num cruzador do império, coitadinho dele quando voltou pro Super Nintendo…. eheheheheh

      (brincadeiras à parte, claro que sei que Star Wars do Super Nintendo era fantástico, gastei horas em locadora por causa dele eheheheh)

      Dito isso tudo, está anotada a sua sugestão da “Invasão PC” , Mr. Márcio! Até de Rebel Assault eu gostava… apesar daquele gameplay “jogo multimídia” eheheheheh

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